domingo, 2 de maio de 2010

Força bruta

Descobri hoje algo que eu nunca suspeitei. Eu gosto de fazer trabalho braçal. Não digo que quero fazer isso pelo resto da minha vida, não, longe disso. Não pretendo, na verdade, fazer isso nem para tirar um trocado. Mas é uma coisa que eu sei que faço bem. Passei o começo da tarde hoje ajudando meu pai e meu irmão a tirar as arvores do vizinho (terreno vazio) que já estavam a muito tempo invadindo o terreno do meu pai. No começo, eu fiquei com a parte fácil, só segurando a escada para meu irmão, ou meu pai, enquanto eles cortavam os galhos das arvores que invadiam seu jardim. Depois de um tempo, eles não precisaram mais da escada, fazendo a minha parte do trabalho, inútil. Afinal, para que segurar uma escada que ninguém sobe em cima? Me senti então inútil. Meu irmão e meu pai eram completamente capazes de cortar os galhos sozinhos, sem a ajuda de uma escada, logo sem a minha ajuda. Comecei a catar os galhos recém cortados e junta-los, empilhando-os. Até os dois terminarem de limpar o quintal, isso foi tudo o que fiz, catar os galhos que ambos, meu irmão e meu pai, cortavam e os empilhava. Depois que eles finalmente terminaram com os últimos galhos, tínhamos uma pilha imensa de galhos e folhas para tirar do jardim. Foi aí que, para mim, a parte difícil começou (já que para meu irmão e meu pai, a parte difícil já tinha começado desde o inicio). E eu me senti bem. Eu me senti finalmente capaz de ajudar, carregando mais e mais, pilhas de galhos cortados. Perdi a conta de quantos arranhões eu senti, ou de quantos espinhos perfuraram meus braços e mãos durante o trabalho, e eu me senti bem com isso. O esforço que eu fiz para tirar todos aqueles galhos (eram muitos, mesmo) junto com meu irmão... Sabe, foi bom. Gosto de sentir-me capaz de ajudar. Gosto de, de vez em quando, me sentir capaz de alguma coisa. Gostei de usar apenas a força bruta para auxiliar o trabalho do meu pai, ajudando-o a cuidar do seu jardim.

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